11 de jan. de 2011

O mafioso

Não tenho nada contra os planos.
Pelo contrário, acho planejar uma tarefa importante.
Sou adepta das expectativas.
E adoro os ritos de passagem!
Em mais um desses ritos de fim de ano velho e começo de ano novo, sempre nos pegamos planejando...
"esse ano vou ser assim assado", "vou fazer desse ou daquele jeito", "quero isso e aquilo e aquilo outro", "vou esquecer aquela coisa, vou cancelar isso aqui, vou virar essa página e começar de novo a partir dali", "quero um amor assim assim", "quero amigos que sejam e façam daquele jeito", "quanto aos amigos velhos, nos encontraremos sempre ou de vez em quando", "vou conhecer este e aquele lugar", "pretendo tantas coisas..."
É....

Aí me vem a segunda semana do ano, o movimento dos astros, as fases da lua no céu, o destino, o acaso, as coincidências, o atropelo, o efeito borboleta, a predestinação, meu santo padroeiro... sei lá! Me vem qualquer coisa DESTA vida que rege (ou não) as coisas da MINHA vida e que foge completamente ao meu controle, me esbofeteia a cara como um mafioso italiano e me ensurdece:

"Mas eu já não te disse que não adianta planejar? Ficar calculando demais, esperando, contando nos dedos, coisa e tal...?! E eu vou fazer isso repetidas e repetidas vezes pra te mostrar que você não tem mesmo controle algum sobre nada. Vê se aprende!"

O mafioso que prova de cabeça pra baixo que tudo não passa das leis da física, de ações e reações, de causalidade, consequências, que te enfia goela abaixo um movimento natural e obstinado, que te atrai como a gravidade, que te confunde como a embriaguez, que te sacode como a tempestade.

Aos planos para amanhã... não sei.
Só agora sei de mim. E só tenho noção do que quero e desejo, das minhas pulsões e impulsos. De mais nada. E que seja bom.

Um comentário:

Unknown disse...

E será muito bom! Um brinde ao imprevisto!