Tenho parado pra pensar no que somos uns pros outros.
O que eu sou pras pessoas ao meu redor, para os transeuntes e viventes.
Para uns sou filha, irmã, sobrinha, prima. Para outros sou colega de trabalho, sou amiga, semi-conhecida. Sou aquela que espera no ponto de ônibus com os fones de ouvido indissolúveis. Sou menina, sou mulher, sou chata e neurótica, sou necessária e admirável, sou dispensável, sou saudade... pra cada um sou o que me mostro ser. Naquele contexto, naquele momento.
E pra mim mesma? Sou cada hora uma coisa, ou sou tudo junto, agora?
Talvez pouca gente saiba o que eu sou pra mim. Talvez eu só saiba de vez em quando. Pode ser que às vezes eu tenha certeza, ou que eu mude como o dia.
E o que é você pra mim?
Você é aquela imagem que eu construí. Com os tijolos que você me deu ou com os alicerces que eu inventei. Você é aquilo que eu achei que fosse. Mas também é aquilo que eu não sabia ser.
Você é o que se mostrou pra mim. Mas os outros de você são uma infinidade que eu não poderia alcançar.
Agora que conheci um outro seu, aquilo que eu pensava já mudou. Se eu conhecesse um terceiro de você, mudaria de novo e de novo.
Nada é sólido. Nem mesmo o que você representa pra mim.
Acho que conviver é isso. É ir abrindo espaços pra que o outro mostre seus outros e os apresente quando for conveniente ou quando escaparem pelos dedos apertados. É ir mostrando e botando pra fora quantas mil pessoas podemos ser. O quanto cabe dentro de cada um. Quantos somos a cada dia, a cada roupa, a cada novo.
Hoje uma definição de você se transformou no meu imaginário. Hoje quem eu sou pra você também mudou diante disso. Agora sinto saudade da imagem antiga. E tenho muita lucidez dentro de mim.
Viver é estar confuso. Sobretudo quando começamos a entender os processos.
Mas a vida se encarrega.
25 de jan. de 2011
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Um comentário:
Obrigado Pessoa...
Venho precisando de palavras assim para justificar algumas coisas ultimamente. Ou para dar a algumas pessoas uma explicação. Usarei o seu texto.
Há braçoss, GT
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