17 de mai. de 2010

Monotonia

Hoje acordei descrente.

Com preguiça até de manifestar minha descrença pelo mundo.

E eu gosto das coisas aparentes

Porque elas me permitem gritar o meu descaso sufocante,

Sem que eu gaste a pouca energia que me sobra nesses dias.

Não há um motivo.

Mas tudo parece colaborar.

Meus cabelos desarranjados

Com cachos definidos de rebeldia

E cara de anos sessenta que eu adoro,

Contribuem pra que eu sustente e ostente a minha cara de pouco caso.

Minhas unhas, com esmalte vermelho descascado,

Comprovam o glamour decadente deste dia.

A péssima música de uma cantora com voz forçada e melodias medíocres toca no computador do escritório.

Lá fora chove.

Uso uma camiseta verde desengonçada

E sinto fadiga só de pensar que essa sem-graceza de dia mal começou.

Hum...

Do alto do meu sono, eu desafio o mundo a me surpreender hoje.

Mas é muito improvável que qualquer coisa nova aconteça...

... Assim como na vida dos botões das camisas

Em um dia em que ninguém vai desabotoá-los com desejo de nudez.

Mas estou aqui respirando deste ar,

Observando o não-movimento de um dia normal.

E acordei descrente.