E então pego um pedaço qualquer de papel e começo a escrever.
Faço qualquer coisa.
Ainda que seja algo momentâneo,
Ainda que eu esteja subjugada.
É que observar os criativos me angustia.
E diante da minha impotência musical,
Abro meus ouvidos para as notas de ninguém
E as minhas fantasias pras falácias que me invadem.
Em um jeito de flutuar delicados sorrisos de canto de boca,
Eu permito que alguém rabisque o canto do meu papel amassado.
E assim, em uma despretenciosa noite de segunda feira
Me ponho a repensar a vida de maneira sonora.
As sonoridades evasivas e insandecidas de mundo,
Em toda a sua precisão de melodias que me divertem.
Elas se desenham como canção.
Tomam conta dos ouvidos.
Ao final dos acordes, a missão foi cumprida.
E como resquício disso tudo fica um zumbido fino
Restam os sorrisos de canto de boca
E este texto, talvez.
30 de abr. de 2010
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