Mais um fim.
Mais um ciclo que se acaba.
Às vésperas do meu rito de passagem,
Então volto às minhas linhas.
Releio o que andei escrevendo ao longo desta última volta ao redor do sol.
Destes últimos 12 meses idos. Do ano que termina em zero. Uma década findada.
De fato escrevi coisas tristes, coisas secas, coisas choradas...
Fui viúva, cética, fui rocha, fui qualquer coisa exagerada.
Fui os piores momentos transcritos, os bons momentos guardados em segredo.
Escrevi sobre o amor.
Sob a minha ótica, sob os personagens que construí ao ver os amantes caminhando ao meu redor.
E dando continuidade a todas as eras cíclicas de mundo, novamente o amor e os sentimentos intensos humanos é que servem de matéria prima pra qualquer coisa outra que se ouse escrever.
Quem me lê, me vê passando na rua, me olha e me sorri cordialmente não entende das minhas intensidades, da minha matéria de poesia.
O ano que se finda, os textos que ficaram para trás me deixam um sentimento de sobriedade de mim mesma.
Sóbria, sinto que posso sentir o sentimento do mundo.
Que cada pessoa que vejo chorando e sorrindo pela rua, que me faz escrever sobre o amor, me empresta um pouco da dor do seu peito pra preencher o espaço que cabe às minhas palavras.
O que tenho a dizer neste texto de fim, é que encerrei muita coisa este ano!
Em nome dos que amam e me inspiram!
Espantei meus fantasmas, minhas reticências, meus medos...acabou!
O ano acabou e estou renovada!
Estou nova!
Estou começando de novo tudo e todas as coisas!
Estou por fim, feliz!
Feliz com todo o movimento de amor que me ensinou tanto sobre o mundo!
Feliz porque sou outra, porque me sinto beija flor, porque tenho outros olhos, outros afetos.
A última volta de existir foi de movimento.
E pretendo ainda escrever por aqui o que penso deste movimentar, saculejar, sacudir.
Movimentar-se é estar vivo.
E rindo de mim mesma e dos meus textos antigos, me sinto não mais do que viva e pulsante.
Neste fim de ano, pulso.
Pulso pelo novo!
Pulso porque não tenho pena dos amantes, das viúvas, dos que sofrem, dos que transpiram amor, porque não sinto pesar pelos que retratei em todos os meus versos de amar.
Hoje todos devem também estar em movimento.
E tão felizes quanto eu.
Eu que tenho escrito sobre o que penso que sentem.
27 de dez. de 2010
23 de dez. de 2010
Encontrar é transcender
(Prof. Eguimar Chaveiro - UFG)
Pela lei do acaso que segreda o futuro e enche as coisas de surpresa, cada um de nós podería, caso o nosso pai e a nossa mãe não tivessem se encontrados por uma rede de causalidades, ter sido comido por uma vaca atrás da moita. Se o esperma que penetrou o óvulo - o que nos fez juntamente com o óvulo da mãe -, tivesse saido por uma safirinha atrás da moita, já era. Não estaríamos aqui. E nem a vaca. Deixa ela prá lá!
Estamos aqui com sovaco, nariz, ânus e mais um monte de órgãos. Alguem que tem sovaco, nariz e ânus pode dizer que é superior aos outros seres?
Numa madrugada relativamente ébria e poética, por uma conversa livre com o meu amigo Ailton-mestre, depois que ele me perguntou O QUE É A LUZ POR DENTRO, eu lhe expliquei que embora existindo a arte, a filosofia, as religiões, as ciências, assim como castelos suntuosos, astronaves incríveis, conhecimentos que fundem espécies, adiantam o tempo da natureza etc, como realizações do ser humano, ninguem escapa da democracia de Deus – a carne. Disse a ele que a carne é a democracia de Deus. Pela carne todos somos filhos do tempo. E a ele somos subordinados.
A carne vibra, fede, tem poros, sente, brilha, possui força, adoece, cria mas é perecível. Não temos direito de bostejar valores acima do outro por conta da carne. Não precisamos temer a eternidade das tiranias por conta da carne. Não precisamos sofrer demais com pequenos erros, grandes culpas, incautos jeitos pois somos carnes andantes, carnes falantes, carnes éticas. A carne é árvore frondosa submetida às leis das estações vitais.
Mas há beleza. Há muita beleza. Ter vindo do útero e saudar a luz, a cultura e a história. Aprender a falar, a amar e abraçar. Rir e chorar; cantar e silenciar; ver e querer; sonhar e agir. Um se junta ao outro; o outro vem de outro; aquele de outro. E de repente alguns se encontram no mesmo tempo e no mesmo espaço. O acaso pode ser o milagre. O milagre pode ser a consciência. E esta a mãe de todas as ações.
Parece que o Encontro nos eleva mais que a situação de carnes. Encontrar é transcender.
Pela lei do acaso que segreda o futuro e enche as coisas de surpresa, cada um de nós podería, caso o nosso pai e a nossa mãe não tivessem se encontrados por uma rede de causalidades, ter sido comido por uma vaca atrás da moita. Se o esperma que penetrou o óvulo - o que nos fez juntamente com o óvulo da mãe -, tivesse saido por uma safirinha atrás da moita, já era. Não estaríamos aqui. E nem a vaca. Deixa ela prá lá!
Estamos aqui com sovaco, nariz, ânus e mais um monte de órgãos. Alguem que tem sovaco, nariz e ânus pode dizer que é superior aos outros seres?
Numa madrugada relativamente ébria e poética, por uma conversa livre com o meu amigo Ailton-mestre, depois que ele me perguntou O QUE É A LUZ POR DENTRO, eu lhe expliquei que embora existindo a arte, a filosofia, as religiões, as ciências, assim como castelos suntuosos, astronaves incríveis, conhecimentos que fundem espécies, adiantam o tempo da natureza etc, como realizações do ser humano, ninguem escapa da democracia de Deus – a carne. Disse a ele que a carne é a democracia de Deus. Pela carne todos somos filhos do tempo. E a ele somos subordinados.
A carne vibra, fede, tem poros, sente, brilha, possui força, adoece, cria mas é perecível. Não temos direito de bostejar valores acima do outro por conta da carne. Não precisamos temer a eternidade das tiranias por conta da carne. Não precisamos sofrer demais com pequenos erros, grandes culpas, incautos jeitos pois somos carnes andantes, carnes falantes, carnes éticas. A carne é árvore frondosa submetida às leis das estações vitais.
Mas há beleza. Há muita beleza. Ter vindo do útero e saudar a luz, a cultura e a história. Aprender a falar, a amar e abraçar. Rir e chorar; cantar e silenciar; ver e querer; sonhar e agir. Um se junta ao outro; o outro vem de outro; aquele de outro. E de repente alguns se encontram no mesmo tempo e no mesmo espaço. O acaso pode ser o milagre. O milagre pode ser a consciência. E esta a mãe de todas as ações.
Parece que o Encontro nos eleva mais que a situação de carnes. Encontrar é transcender.
19 de dez. de 2010
O que sou
Não vou mais me culpar.
Por nada.
É muito injusto e duro que a culpa de tudo seja sempre minha.
A culpa pelos fracassos.
Já fui amada antes, exatamente como sou.
Haverão de me aceitar em algum momento, assim.
Vou me permitir me entristecer.
Porque é digno de tristeza.
Mas me culpar, não mais.
Não me importarei com as opiniões a meu respeito.
A partir de hoje serei. Pura e simplesmente. E mais nada.
Por nada.
É muito injusto e duro que a culpa de tudo seja sempre minha.
A culpa pelos fracassos.
Já fui amada antes, exatamente como sou.
Haverão de me aceitar em algum momento, assim.
Vou me permitir me entristecer.
Porque é digno de tristeza.
Mas me culpar, não mais.
Não me importarei com as opiniões a meu respeito.
A partir de hoje serei. Pura e simplesmente. E mais nada.
13 de dez. de 2010
Sobre os gatos
Gatos. Irritantes e dispensáveis.
Declaro abertamente o desprezo que tenho por eles.
Me incomodam!
É. Talvez não se trate de desprezo... se há incômodo, há qualquer coisa que me toca.
Independência, barulho, noite, pêlos, sedução...
Há qualquer coisa de malandragem que me agride.
Da sarjeta, dos becos úmidos, da luxúria noturna sobre meu teto, da superstição.
Vão embora, gatos!
Sejam engolidos pela minha mente embriagada de desamor!
Perturbem outro! Arrumem outra casa! Enfrentem outros corações moribundos!
Se retirem daqui com tudo de felino que trazem!
Levem consigo essa noite, esse sonho. E não voltem mais!
Declaro abertamente o desprezo que tenho por eles.
Me incomodam!
É. Talvez não se trate de desprezo... se há incômodo, há qualquer coisa que me toca.
Independência, barulho, noite, pêlos, sedução...
Há qualquer coisa de malandragem que me agride.
Da sarjeta, dos becos úmidos, da luxúria noturna sobre meu teto, da superstição.
Vão embora, gatos!
Sejam engolidos pela minha mente embriagada de desamor!
Perturbem outro! Arrumem outra casa! Enfrentem outros corações moribundos!
Se retirem daqui com tudo de felino que trazem!
Levem consigo essa noite, esse sonho. E não voltem mais!
9 de dez. de 2010
A sua chegada
Novamente acesso meus pensamentos, meus dedos que escrevem raivosos.
Mas não é raiva.
É só ansiedade costumeira.
Tenho novas ansiedades...
Findado o mês de outubro muita coisa nova começou.
E já que são novas, que nada se repita!
O fim de outubro me trouxe um novembro doce... doce novembro...
Me trouxe nova rotina, novos sabores, nova cintura.
Me trouxe novos pares de sapatos, outras escadas.
Me trouxe novos cheiros. Um novo cheiro. Com seu pescoço que me é novo.
Com seus instantes que eu desconheço.
Essa novidade que me intriga, que me instiga, que tenta me desvendar.
Um desenrolar tranquilo, uma doçura imponente.
De repente me deparo com um novo, novo demais!
Um novo completamente nunca provado!
(...)
Guardarei minhas palavras pra um momento mais oportuno.
Por agora queria dizer que gostei da sua chegada no meu mundo. Pela porta da frente.
Mas não é raiva.
É só ansiedade costumeira.
Tenho novas ansiedades...
Findado o mês de outubro muita coisa nova começou.
E já que são novas, que nada se repita!
O fim de outubro me trouxe um novembro doce... doce novembro...
Me trouxe nova rotina, novos sabores, nova cintura.
Me trouxe novos pares de sapatos, outras escadas.
Me trouxe novos cheiros. Um novo cheiro. Com seu pescoço que me é novo.
Com seus instantes que eu desconheço.
Essa novidade que me intriga, que me instiga, que tenta me desvendar.
Um desenrolar tranquilo, uma doçura imponente.
De repente me deparo com um novo, novo demais!
Um novo completamente nunca provado!
(...)
Guardarei minhas palavras pra um momento mais oportuno.
Por agora queria dizer que gostei da sua chegada no meu mundo. Pela porta da frente.
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