26 de jan. de 2012

Do Fundo do Meu Coração

Eu cada vez que vi você chegar
Me fazer sorrir e me deixar
Decidido eu disse: nunca mais
Mas, novamente estúpido provei
Desse doce amargo quando eu sei
Cada volta sua o que me faz
Vi todo o meu orgulho em sua mão
Deslizar, se espatifar no chão
Vi o meu amor tratado assim
Mas,basta agora o que você me fez
Acabe com essa droga de uma vez
Não volte nunca mais p'ra mim

Eu toda vez que vi você voltar
Eu pensei que fosse p'ra ficar
E mais uma vez falei que sim
Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais p'ra mim


Se você me perguntar se ainda é seu
Todo o meu amor eu sei que eu
Certamente vou dizer que sim
Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais p'ra mim
Do fundo do meu coração

5 de jan. de 2012

Cedo


Era cedo e estava acordada. Com insônia, mas com vontade de dormir. Com olhos confusos e inchados por ter chorado. Ela era assim mesmo, de chorar. Tentar entender. Seria entender mesmo necessário? “Estamos todos mais sensíveis, por isso, que tal dar mais do que exigir receber?” Mas ela sabia que vinha oferecendo tudo que podia, tudo que tinha no seu estoque de coisas a serem oferecidas... ela passou os últimos meses oferecendo doses homeopáticas de sentimento e cuidado, de palavras doces e afeto. Compartilhava interesses, palavras, sorrisos, novidades, momentos. Ela é intensa e exagerada. Não tinha muitos limites para o que podia entregar. Podia escancarar tudo e dar de bandeja até os seus pensamentos de “dez reais”. Ela é assim. Ponto. Abriu o peito feito uma colcha de retalhos sobre a mesa, pronta pra que ele entrasse no seu mundo e fizesse parte de seus dias de sol.
Começou a pensar sobre ele... Pra isso precisou abrir os olhos, botar uma música blasé na vitrola e beber algo, naquela boca seca. Abriu a janela pra que o sol cegasse seus olhos borrados e fizesse reluzir a cafonisse daquela cara amassada de quem chegou de madrugada e chorou com a cara enfiada no travesseiro. (Não adiantou chorar).
Mas voltando aos pensamentos... iam e vinham... sempre com ele no foco... seu sorriso fácil e debochado, as suas costas que não achava em nenhum outro por aí.  Não era simples compreender ou tentar compreender o que ele podia dar, e o que simplesmente não estava ao seu alcance, ou o que simplesmente ele não queria dar a ela. Ele achava que tudo tinha que ser grande, que não se podia oferecer pequenas coisas como mãos dadas e beijinhos na ponta do nariz. Ele se recusava. Repetidas e repetidas vezes. E ele foi se tornando tão complexo, enigmático, confuso, ele foi ficando longe. Os dois foram ficando distantes um do outro...Ele sempre consegue empurrá-la pra longe.
Nessas horas ela queria acender um cigarro. Cigarros fazem companhia.
Ontem ele disse algo que magoou. Disse pra ferir. Pra tripudiar sobre tudo o que ela fazia até então, que era só gostar. Essas palavras passaram a noite toda ecoando, repetindo, ensurdecendo. Ela não conseguiu dormir. Era cedo e estava acordada. E ele não mais a machucaria assim. Por favor, Deus! Não mais!