7 de nov. de 2010

A conclusão que tiro da vida

Interessante como, às vezes, estar no mundo pode ser uma coisa vaga.
Vagamente sinto qualquer coisa ou hormônio que me possa dar uma sensação aconchegante de estar viva.
Vagamente percebo que, pra grande parte do mundo, passo despercebida.
Que, embora o poeta tenha dito que "se não houvesse eu no mundo, o mundo não seria o mesmo, porque haveria eu a menos"... não sei. Acho que se houvesse eu a menos no mundo, ele nem se daria conta.
Mas não escrevo isso com nenhum pesar, ou tristeza profunda, ou melancolia suicida.
É apenas uma constatação lúcida que faço ao entender a cada dia mais que minha existência interessa e faz diferença pra ninguém mais que a mim mesma.
Não duvido que haja uma meia dúzia de pessoas que se interessa por minhas novidades.
Mas de qualquer maneira, no dia a dia, na corriqueira atividade de existir, meus pequenos detalhes são só meus. E mesmo que houvesse alguém compartilhando da minha cama, meu teto, minha comida, todos os meus detalhes continuariam sendo meus e de mais ninguém.
É coisa minha pensar no que comi hoje, avaliar se minha garganta e minha cabeça doem e se isso é sinal de que estarei levemente gripada pela manhã.
O dia de preguiça que passei jogada no sofá, os filmes ruins que escolhi na locadora.
Essa sensação angustiante de solidão que sempre me acomete nos domingos à noite.
Todos esses detalhes de mim são meus. Apenas. E só eu vou me lembrar deles no futuro.
É essa a conclusão que tiro da vida. Podemos achar gente que compartilhe conosco gostos e momentos. Mas nascemos e viemos pra sermos sozinhos.
Ninguém nunca poderia estar aqui comigo neste exato momento, sentada à cadeira, um copo de água gelada à direita, um abajour desligado, os músculos do pescoço contraídos,uma vontade de não estar só, o silêncio barulhento da noite da cidade que me atormenta pela janela aberta.
Ninguém além de mim desfruta disso agora.

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